Os efeitos das sensações e da percepção da cor: a influência dos estímulos sensoriais em uma residência universitária

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Raimundo Santiago

Este artigo investiga os efeitos das cores no ambiente construído como elementos influenciadores da percepção visual, dos estímulos sensoriais e de possíveis implicações psicológicas no seu utilizador. Mais precisamente, investiga, através de um estudo de caso, o impacto da cor vermelha, que faz parte da composição das cores internas do último pavimento da residência universitária do Campus da Ajuda da Universidade de Lisboa. A vivência no espaço para o estudo de caso ocorreu em janeiro de 2020, período em que, embora já existisse projeto de expansão, a residência ainda era composta por dois blocos. Os edifícios estão divididos em um pavimento térreo e mais quatros pavimentos superiores, segmentados internamente por setores identificados pelas cores azul e verde, vermelho e laranja. No entanto, a pesquisa concentra-se na investigação exploratória e da experiência vivida pelo autor durante a permanência imersiva no último pavimento e setor vermelho da residência citada, que possibilitou a análise subjetiva dos efeitos cromáticos sobre sua própria percepção e bem-estar. A metodologia adotada consistiu em um estudo de caso único, baseado em observação direta e sistemática ao longo de 48 diasconsecutivos. Os dados coletados foram analisados a partir de uma abordagem qualitativa, considerando aspectos sensoriais e psicológicos relacionados à exposição contínua a cor investigada. Portanto, este estudo busca contribuir para o entendimento das relações entre o uso da cor no ambiente construído e seus impactos individuais, fornecendo subsídios para futuras diretrizes no design de interiores e na arquitetura, aplicada ao conforto e à experiência do usuário.

Palavras-chave: cor, neuroarquitetura, percepção cromática, estímulos sensoriais, efeitos das cores.

ABSTRACT
This article investigates the effects of colors in the built environment as elements that influence visual perception, sensory stimuli, and possible psychological implications for its users. More precisely, it investigates, through a case study, the impact of the color red, which is part of the composition of the internal cores of the top floor of the university residence at the Ajuda Campus of the University of Lisbon. The experience in the space for the case study took place in January 2020, a period in which, although there was already an expansion project, the residence was still composed of only two blocks. The buildings were divided into a lower floor and four upper floors, internally segmented by sections identified by the blue and green, red and orange cores. However, one research focused on the exploratory investigation and the vivid experience the author had during the immersive stay on the top floor and red sector of the residence above, which allowed the subjective analysis of the chromatic effects on his own perception and well-being. The methodology adopted consists of a single case study, based on direct and systematic observation over 48 consecutive days. The collected data were analyzed using a qualitative approach, considering sensory and psychological aspects related to continuous exposure to the color investigated. Therefore, this study seeks to contribute to the understanding of the relationships between the use of color in the built environment and its individual impacts, providing subsidies for future guidelines in interior design and architecture, applied to comfort and user experience.

Keywords: color, neuroarchitecture, chromatic perception, sensory stimuli, color effects.

RESUMEN
Este artículo investiga los efectos de los colores en el entorno construido como elementos que influyen en la percepción visual, los estímulos sensoriales y las posibles implicaciones psicológicas para su usuario. Más precisamente, investiga, a través de un estudio de caso, el impacto del color rojo, que forma parte de la composición de los colores internos del último piso de la residencia universitaria del Campus de Ajuda de la Universidad de Lisboa. La experiencia en el espacio del caso de estudio tuvo lugar en enero de 2020, periodo en el que, si bien ya existía un proyecto de ampliación, la residencia aún solo estaba formada por dos bloques. Los edificios se dividen en planta baja y cuatro plantas superiores, segmentados internamente en sectores identificados por los colores azul y verde, rojo y naranja. Sin embargo, la investigación se centra en la indagación exploratoria y la experiencia vivida por el autor durante la estancia inmersiva en el último piso y sector rojo de la referida residencia, lo que le permitió el análisis subjetivo de los efectos cromáticos en su propia percepción y bienestar. La metodología adoptada consistió en un estudio de caso único, basado en la observación directa y sistemática durante 48 días consecutivos. Los datos recolectados fueron analizados utilizando un enfoque cualitativo, considerando aspectos sensoriales y psicológicos relacionados con la exposición continua al color investigado. Por ello, este estudio busca contribuir a la comprensión de las relaciones entre el uso del color en el entorno construido y sus impactos individuales, aportando subsidios para futuras directrices en diseño de interiores y arquitectura, aplicadas al confort y la experiencia del usuario.

Palabras clave: color, neuroarquitectura, percepción cromática, estímulos sensoriales, efectos del color.

1 INTRODUÇÃO
A arquitetura, historicamente moldada pelos critérios de solidez, funcionalidade e beleza, possui uma base teórica consolidada desde a Antiguidade. Esses três pilares foram sistematizados por Marco Vitrúvio Polião, em sua obra De Architectura, como os elementos indispensáveis para um projeto arquitetônico bem-sucedido (VITRÚVIO, s.d.). No entanto, com o avanço das ciências cognitivas e da neuroarquitetura, observa-se a necessidade de expandir essa compreensão para incluir aspectos relacionados à experiência sensorial do usuário. Em ambientes terapêuticos voltados a crianças com TEA, por exemplo, os efeitos da luz e da cor transcendem a dimensão estética, exigindo que os espaços sejam planejados para oferecer estímulos que promovam o bem-estar, a autorregulação e o equilíbrio emocional. Nesse cenário, os princípios vitruvianos permanecem relevantes, desde que reinterpretados à luz das evidências científicas sobre percepção sensorial e comportamento humano. Eberhard (2009), destaca que os avanços nas ciências cognitivas e no design centrado no ser humano demandam uma abordagem mais sensorial e interdisciplinar, como propõe a neuroarquitetura, ao integrar conhecimentos sobre o cérebro na concepção dos espaços. Esse campo emergente investiga como os espaços físicos influenciam as emoções, o comportamento e os processos cognitivos humanos, com o objetivo de promover maior bem-estar e qualidade de vida. Dessa forma, o projeto arquitetônico deve ir além das considerações materiais e estéticas, integrando conhecimentos da neurociência e da psicologia ambiental para avaliar o impacto dos estímulos sensoriais, a partir da percepção e experiência humana (Eberhard, 2009).

A percepção, conforme descrita por Del Rio et al. (1996), é o processo pelo qual os indivíduos interpretam o ambiente ao seu redor, processando estímulos externos por meio dos cinco sentidos. Elementos arquitetônicos, como cor, iluminação, textura e organização espacial, desempenham um papel fundamental na experiência dos usuários, influenciando estadosemocionais e respostas fisiológicas. Assim, ao incorporar esses princípios, a neuroarquitetura possibilita o entendimento da importância de ambientes que favorecem o equilíbrio cognitivo e emocional, contribuindo para o bem-estar humano em diversos contextos, incluindo espaços residenciais, educacionais e de saúde.

Este estudo enfatiza a análise sensorial dos ambientes construídos, utilizando abordagens da psicologia comportamental e das neurociências para compreender como as características arquitetônicas afetam a percepção e o bem-estar psicológico dos indivíduos. Portanto, este trabalho busca contribuir com a formação de um olhar mais crítico sobre o papel da cor e da luz nos espaços arquitetônico, entendendo-os como elementos ativos na mediação das experiências humanas. Em vez de apresentar verdades consolidadas, os dados analisados propõem caminhos investigativos que podem ser explorados em estudos futuros, especialmente aqueles que combinem métodos científicos rigorosos com sensibilidade projetual. Desse modo, a distância entre os saberes acadêmicos e sua efetiva incorporação na prática dos arquitetos permanece um desafio, mas também uma oportunidade. Portanto, ao propor essa aproximação, espera-se estimular novas articulações entre teoria e prática, promovendo a evolução do campo projetual em direção a ambientes mais responsivos às necessidades humanas.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 PERCEPÇÃO


De acordo com Stenberg (2000), a percepção define-se como um conjunto de processos psicológicos pelos quais as pessoas reconhecem, organizam, sintetizam e fornecem significação no cérebro às sensações recebidas dos estímulos ambientais, nos órgãos dos sentidos. Dessa forma, a estrutura sensorial do homem divide-se em duas categorias que podem ser consideradas como dois receptores. O primeiro refere-se à distância, àqueles objetos considerados remotos e percebidos através dos sentidos visuais, auditivos e olfativos. O segundo está relacionado ao imediato; são considerados objetos próximos e percebidos através do tato, por meio da pele, músculos e membranas.

O arquiteto Frank Lloyd Wright destacou-se por desenvolver projetos que integravam múltiplas sensações e estímulos táteis, visuais e cinéticos, a fim de criar experiências espaciais imersivas e profundamente humanas. Um exemplo emblemático dessa abordagem é o antigo Imperial Hotel de Tóquio, concluído em 1923, cuja composição arquitetônica incorporava texturas ricas, materiais naturais como a pedra Oya, e uma escala física adaptada ao corpo humano, por meio de corredores mais baixos e paredes ao alcance das mãos. Essa concepção sensorial da arquitetura evidencia a busca de Wright por uma relação íntima entre o espaço e o usuário, privilegiando a percepção direta e os efeitos emocionais dos elementos construídos (Imperial Hotel, Tokyo, s.d.).

Da mesma forma, segundo Edward (1977), destaca-se que a percepção por um usuário dos elementos que compõem o espaço físico. Da mesma forma, segundo Edward (1977), a percepção dos elementos que compõem o espaço físico por parte do usuário é processada de acordo com sua capacidade física e neuropsicológica, bem como com a experiência previamente adquirida e seu nível de atenção. Logo, os elementos que compõem o espaço físico e que possibilitam a percepção estão relacionados à forma, ao tamanho, às texturas, às cores, aos sons, aos cheiros e aos movimentos (DISCHINGER, 2000).

2.1.1 Efeitos da percepção visual

A percepção visual tem grande importância, inclusive quanto às informações tridimensionais dos espaços, à captação de informações e à percepção do mundo. O sentido da visão, como mais valorizado no âmbito sensorial, é defendido através das escritas dos modernistas. Exemplos são as assertivas de Le Corbusier, como: “Eu existo na vida apenas se posso ver”; “Eu sou e permaneço um visual convicto – tudo está no visual”; “É preciso ver claramente para que se possa entender” (PALLASMAA, 2005).

O ambiente fornece informações como matrizes ambientais de energia que são estruturadas por superfícies, limites, eventos, objetos e layout do ambiente. As mudanças de informação são percebidas a partir do movimento do observador (se está sentado, em pé, caminhando, etc.) e dos seus sentidos (visão, audição, paladar, tato e olfato). Essas alterações são essenciais para a identificação e extração das informações sobre onde se está, para onde se vai e o que está sendo realizado (GIBSON E PICK, 2003, p55).

O senso do espaço no homem relaciona-se intimamente com seu senso do eu, que se encontra, em íntima transação com o meio ambiente. O homem, podemos considerar, tem em seus aspectos visuais, sinestésicos, tácteis e térmicos, cujo desenvolvimento pode ser inibido ou encorajado pelo meio ambiente (hall, 1966, p.66).

Conforme Avarena e Detoni (2000), a percepção visual impacta na maneira de pensar e de inter-relacionar-se com a concepção dos significados. Logo, contribui para o crescimento da faculdade humana através do desenvolvimento, do aperfeiçoamento, do entendimento visual e gráfico (Avarena-Reys e Detoni, 2001 apud Schwartz, 2008). Entretanto, para que ocorra a percepção visual, “o ambiente produz informações como arquétipos ambientais que são compostas por superfícies, limites, eventos, objetos e layout do ambiente.

Ademais, a percepção visual ocorre através dos estímulos sensoriais promovidos por diversos fatores como a luz, a temperatura, a textura, a orientação do observador, etc., que indicam a relação corporal com o ambiente e sentidos humanos (visão, audição, paladar, tato e olfato). A variação da percepção possibilita o entendimento sobre a locação atual do observador e a atividade executada no momento” (Gibson e Pick, 2003).

2.1.2 Estímulos e efeitos sensoriais da percepção das cores

Estamos cercados pela cor em diversas formas visuais. A percepção dela é o primeiro contato visual que experimentamos no ambiente. Na natureza, a cor está entre os animais e paisagens, também na pele e cabelo dos seres humanos. O ambiente projetado é composto por várias cores com funções diferentes, de acordo com o espaço. A cor é a sensação específica produzida pelo efeito dos tamanhos de comprimentos de ondas eletromagnéticas. A nossa percepção visual está sempre influenciada sob a presença da luz natural ou artificial. Assim, a cor está conectada com a existência do homem e da natureza (MAHNKE, 2007).

Segundo (Kaya e Epps 2004, apud Costa, et al., 2018), a cor azul produz a sensação de tranquilidade e influencia no humor das pessoas. Para (Elliot et al., 2007 apud Costa, et al., 2018), o vermelho remete, geralmente, à ideia do perigo, da atividade e prazer sexual. Em consonância, de acordo com Mehta e Zhu (2009), foram realizados vários estudos sobre os efeitos inconscientes e conscientes das cores vermelha e azul; sendo a cor vermelha, responsável pela sensação de alerta aos perigos e erros, o que deixa as pessoas mais atentas durante as suas atividades. Por outro lado, a cor azul sendo comumente associada à abertura, paz e tranquilidade, proporcionando um ambiente convidativo e estimulante às inovações.

Desse modo, a cor desempenha significados e impressões que estimulam sensações visíveis e não visíveis. Importante esclarecer que, conforme será demonstrado, tais sensações decorrem dos tamanhos de comprimento de ondas, curtas e longas, correspondentes ao espectro das cores entre a cor vermelha e azul, conforme Figura 1.

Figura 1. comprimento de onda (nm).

Fonte: Google, consulta em março 2020.

A percepção das reações energéticas ocorre através do reflexo da luz, que incide sobre a cor, codificado pelo cérebro. Os efeitos dessas reações influenciam no processo do metabolismo de forma inconsciente. Ou seja, ocorre por meio da experiência da cor registrada na memória das impressões sensoriais e do estado psíquico, que potencializa a resposta da cor (MAHNKE, 2007).

2.1.3 Efeitos físicos e comportamentais promovidos pelas cores

Para Mahnke (2007), os efeitos psicológicos da cor estão relacionados a três fatores: o consciente, o inconsciente e a experiência da cor. Ocorre que, além da experiência adquirida relativa ao ambiente construído e à ideia física deste, há também as percepções emocionais, simbólicas e sensações afins. Assim, entende-se que as cores alcançam áreas do cérebro relativas aos sentimentos, pensamentos; bem como estimulam a esfera da vontade e acionam a memória. Inclusive, imagens e arquétipos primordiais em nossa memória genética também contribuem para a formação da nossa experiência pessoal da cor.

Besides other sensory perceptions, humans orient themselves according to optic signals, and learn through visual messages. This makes color vitally important to the meaning of the environment as well as to human interaction with it. (MAHNKE, 2007, p.16)1.

1 Além de outras percepções sensoriais, os seres humanos se orientam de acordo com sinais ópticos e aprenda através de mensagens visuais. Isso torna a cor de vital importância para o significado do meio.

2.1.4 Aspectos fisiológicos e neuropsicológicos da percepção das cores

Segundo Mahnke (2007), o ambiente com excesso de estímulos visuais, provocado através do uso das cores, da luz e do contraste, é capaz de alterar mudanças comportamentais, físicas ou psicológicas. Quanto às alterações físicas, de superestimulação, estas desenvolvem-se por meio de alteração da pressão arterial e da frequência respiratória, sendo capazes de aumentar a tensão muscular. A subestimulação, segundo os estudos, provocariam, ainda, os sinais de irritabilidade, de dificuldade de concentração, de distorção da percepção sensorial e da impaciência. Complementando, os efeitos sensoriais causados pela superestimulação são tão prejudiciais, quanto os provocados pela subestimulação (Daggett et al., 2008, Gaines e Curry 2011 apud Bernardo, 2018). De modo específico, o excesso de cor pode interferir na organização emocional, visto que uma vez que o cérebro utiliza a visão como processador de informações, a sobrecarga dificultaria esse processo (VERGHESE, 2001).

2.1.5 Aspectos da percepção das cores em espaço arquitetônico

Para Mahnke (2007), o uso das cores é fundamental para a identificação do espaço arquitetônico, pois estimulam a percepção tridimensional do espaço. Ou seja, são capazes de influenciar os efeitos de profundidade, de altura e de largura do ambiente. Entretanto, os efeitos em questão são modulados pelo brilho e pela saturação das cores aplicadas no chão e nas paredes, criando ilusões e significações no espaço. Portanto, para que o uso da cor empregada seja satisfatório, conforme o planejamento de quem idealizou o projeto, faz-se fundamental a ponderação quanto aos efeitos provocados por cada nuance e o que se espera gerar em cada usuário.

Desse modo, descrita em Teoria das Cores, Goethe (1967), identificou que cores específicas evocavam sentimentos distintos. Como relata Elliot (2019), referindo-se à edição de 1967 da obra, Goethe afirmou que “a experiência nos ensina que cores específicas excitam estados particulares de sentimento”, o que o levou a associar tons a diferentes estados emocionais. A cor amarela, por exemplo, era relacionada ao calor e à excitação agradável; a azul, à frieza e à estimulação negativa. Já a cor laranja considerada uma combinação entre vermelho e amarelo remetia ao entusiasmo e à soberania, enquanto a cor verde evocava relaxamento.

Enquanto, o vermelho, por sua vez, era associado à ascendência emocional, mas também à baixa criatividade. Esses resultados refletem sua tentativa pioneira de integrar ciência, arte e psicologia na compreensão dos efeitos sensoriais e afetivos das cores.

A influência das cores no ambiente construído tem sido amplamente estudada, destacando-se as pesquisas que foram realizadas por pesquisadores da Lund Institute of Technology, na Suécia, e da Oxford Brookes University, no Reino Unido. Eles realizaram os estudos em ambientes internos projetados para testar os efeitos das cores em fatores psicológicos e fisiológicos dos participantes seus experimentos indicam que as cores aplicadas em interiores afetam a percepção espacial e o estado emocional dos usuários (Küller; Mikellides; Janssens 2009). Salas de aula com cores vibrantes, como o vermelho e o amarelo, foram associadas ao aumento da excitação e da atenção, enquanto tons mais neutros, como branco e cinza, demonstraram efeitos menos estimulantes, mas ainda assim relevantes para a experiência sensorial dos ocupantes. A presença de cores acromáticas, embora muitas vezes considerada neutra, também influencia a resposta psicológica, pois suas frequências e comprimentos de onda são percebidos visualmente e impactam a cognição e o comportamento do usuário. conforme Figura 2.

Figura 2. Prédio principal da universidade de Lund.

Fonte: Google, abril 2020.

Não obstante, ainda de acordo com Küller; Mikellides; Janssens (2009), a cor azul aplicada no interior do imóvel, foi considerada com o objetivo de propriciar maior sensação de conforto no ambiente voltado para o estudo. Por outro lado, verificou-se que as cores mais quentes, como o laranja e o vermelho, provocaram maiores sensações de excitação e estimulação, interferindo, inclusive, na concentração dos estudantes locais. Além disso, estudos posteriores reforçaram a relação entre a escolha das cores e o desempenho cognitivo em ambientes educacionais e de trabalho. Segundo Silva (2024), as cores podem modular o humor e a produtividade, sugerindo que um equilíbrio adequado entre cores frias e quentes pode otimizar o aprendizado e o bem-estar dos usuários.

3 CASOS DE ESTUDO

3.1 RESIDÊNCIA UNIVERSITÁRIA I PRATICELLI – ITÁLIA.

Segundo Costa et al. (2018), foi realizada uma pesquisa sobre a preferência de cores dos estudantes da Residência da Universidade “I Praticelli”, localizada em Pisa, Itália. A residência é composta por seis edifícios semelhantes, diferenciados pelas cores dos elementos numéricos de identificação presentes nas suas fachadas, como pode ser viso na Figura 3. Estas mesmas cores identificativas estão presentes no piso e teto do interior de cada edifício, permitindo sua diferenciação. Cada edifício possui áreas comuns próprias – cozinha, corredores e salas de estar. Entretanto, é importante pontuar que os quartos dos alunos residentes também seguem o esquema cromático diferenciador adotado para os elementos numéricos e interior dos edifícios. seguem pintados de acordo com as cores projetadas para o lado do prédio. Isto, podem ter a cor violeta, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho, de acordo com o edifício em que se situam.

Figura 3: Residência Universitária I Praticelli – Pisa, Itália.

Fonte: Costa et al., abril 2018.

A cor idêntica a do elemento numérico na fachada foi também utilizada nas áreas internas dos corredores das cozinhas, das salas de estudos (parede e teto), do acesso ao salão e em uma das paredes dos quartos, conforme Figura 4 e Figura 5. De acordo com Palmer et al. (2013), este foi o primeiro estudo que investigou os efeitos sensoriais de uma cor específica, com uma ocupação média superior a um ano, diferentemente de outras pesquisas, que tiveram período curto para a exposição dos efeitos das cores.

Figura 4. Corredores e salas da Residência da Universidade de Pisa – Itália.

Fonte: Costa et al., abril 2018.

Segundo Costa et al. (2018), após a realização da pesquisa de preferência das cores, chegou-se ao resultado de que a cor azul foi eleita a favorita; seguindo, a partir de então, a seguinte sequência: verde, violeta, laranja, amarelo e, por último, o vermelho. Conforme figura 5.


Figura 5. Quarto de estudante cor laranja e verde, na residência da Universidade Hall, Pisa – Itália.

Fonte: Costa et al., abril 2018.

3.2 RESIDÊNCIA UNIVERSITÁRIA CAMPUS DA AJUDA – LISBOA.

A residência Universitária do Campus da Ajuda, em Lisboa, foi inaugurada no dia 23 de julho de 2019, com capacidade inicial para 186 estudantes e previsão de expansão para construção de mais um bloco, em uma segunda fase. Com isso, a extensão contemplará mais 120 camas, aumentando a capacidade para um total de 306 vagas. A referida construção é setorizada internamente, por meio do uso das cores: azul, verde, vermelho e laranja. Relevante mencionar que a cor aplicada em cada setor compreende os ambientes das áreas comuns, como a cozinha, os corredores e a área de estudo. Imperioso destacar, que as escadas que interligam os pavimentos e ambientes, partilham do mesmo modelo, apresentando cores em seus patamares, espelhos e degraus correspondentes a determinada seleção de cor, para cada lado do pavimento. Ressalta-se que foi aplicado em todo o piso das escadas tinta epóxi, alto brilho. Sobre o interior do edifício, nomeadamente corredores, pode ser visto na Figura 6 e os detalhes das escadas podem ser visto na figura 7.

Figura 6. Corredor laranja da Residência Universitáriado Campus da Ajuda.

Fonte: Elaborada pelo próprio autor, fevereiro 2020.


Figura 7. Caixa de escada da Residência Universitária do Campus da Ajuda.

Fonte: Elaborada pelo próprio autor, fevereiro 2020.

Conforme Mehta e Juliet (2009), as cores vermelho e azul estimulam sensações diferentes, aparentemente opostas, e, consequentemente, desenvolvem o desempenho de tarefas cognitivas, de diferentes modos.


4 ESTUDO DE CASO: SENSAÇÕES E PERCEPÇÃO DO AUTOR, ENQUANTO RESIDENTE DO ALOJAMENTO DO CAMPUS DO PÓLO DA AJUDA.

O presente trabalho visa discutir o uso das cores em arquitetura, nomeadamente em espaços interiores de habitação e os seus impactos para além dos visíveis. Desta forma, a análise foi concentrada às cores empregadas em alguns setores do alojamento Universitário, situado no Campus do Pólo da Ajuda, em Lisboa, Portugal. O período de análise deu-se entre os dias 31/12/2019 e 17/02/2020 (48 dias consecutivos). Durante este período um dos autores hospedou-se na residência, vivenciando unicamente o espaço do setor de cor vermelha. Assim, pode experienciar, em primeira pessoa alterações comportamentais possivelmente também decorrentes da exposição direta à cor supracitada. Assim, tais alterações foram percebidas quanto aos aspetos emocionais, com repercussões cognitivas observáveis, podendo ter interferido negativamente nas áreas de concentração e criatividade, sobretudo durante momentos em que necessitava de maior concentração para os estudos, quando utilizava a bancada de estudos existente no interior do quarto. Além disso, percebeu-se também uma dificuldade de relaxamento mental, não só na área de descanso /cama, mas também nos outros espaços do quarto, como o banheiro. De referenciar que na composição das cores do banheiro, as quatro paredes, porta e teto, são todos pintados na cor vermelha e com baixo nível de saturação, conforme pode ser visto na Figura 8.

Figura 8. Lado do Prédio cor vermelho da Residência Universitária do Campus da Ajuda.

Fonte: Elaborada pelo próprio autor, fevereiro 2020.

Assim, observou-se que a presença da cor vermelha no alojamento estudantil, influenciou diretamente na maneira como o espaço foi percebido e sentido, resultando em sensações de estreitamento do ambiente e aumento da irritabilidade durante o seu uso. Nesse sentido, esses efeitos sensoriais podem impactar negativamente o bem-estar dos usuários, considerando que um dos principais objetivos do quarto é proporcionar um ambiente adequado ao descanso físico e mental, promovendo conforto e relaxamento. Tais perceções estão em linha com estudos desenvolvidos que indicam que cores quentes, como o vermelho, podem gerar excitação e inquietação, afetando o estado emocional e a sensação de amplitude do espaço (MAHNKE, 1996).

No que tange a utilização das cores na zona da circulação vertical, onde a mesma cor do setor foi utilizada nas paredes, teto patamares e degraus das escadas (incluindo piso e espelho), com aplicação de tinta epóxi de alto brilho no pavimento, esta decisão projetual pode levar a ausência de contrastes cromáticos nas escadas, conforme pode ser visto na Figura 8 e Figura 9. Tal decisão pode limitar significativamente a acessibilidade neste elemento e, sobretudo, a segurança em possíveis usos emergenciais. A falta de contrastes pode impossibilitar uma rápida noção de limites entre espelho e piso dos degraus pelos seus usuários, principalmente em emergências, que exigem mais cuidado e agilidade.

Considera-se, inclusive, que em alguns setores, como os de cores vermelha e laranja, as nuances escolhidas poderiam potencializar o estresse durante o uso das escadas, visto os possíveis efeitos psicológicos provocados pelas cores e já reportados em estudos anteriores.

5 CONCLUSÃO

Diante das reflexões desenvolvidas, constata-se que a influência da luz e da cor nos ambientes arquitetônicos ultrapassa considerações meramente estéticas, impactando o comportamento, a percepção e o bem-estar dos usuários. Estudos como os de Küller (1976), realizados na Universidade de Lund, evidenciam que diferentes tonalidades cromáticas podem estimular ou inibir reações emocionais e cognitivas. No entanto, é essencial reconhecer que o confronto entre teoria e prática ainda carece de maior aprofundamento científico e empírico. A vivência direta do autor em ambientes arquitetônicos específicos, como no alojamento estudantil do Campus da Ajuda, em Lisboa, evidencia lacunas entre o que se propõe teoricamente e o que é experienciado na realidade construída. Essa experiência, embora subjetiva, levanta hipóteses relevantes e oferece subsídios iniciais para futuras pesquisas que busquem confrontar ou até mesmo validar os conhecimentos holísticos hoje disponíveis sobre os efeitos sensoriais da luz e da cor sobre o ser humano.

A prática, nesse contexto, torna-se um campo fértil para o desenvolvimento de novos conhecimentos científicos. A observação cotidiana dos efeitos emocionais, comportamentais e fisiológicos provocados pelas escolhas cromáticas e pela iluminação ambiental pode gerar evidências que reforcem, revisem ou ampliem as teorias existentes. Torna-se necessário, portanto, que arquitetos e pesquisadores incorporem metodologias experimentais em seus processos de concepção e avaliação dos ambientes, de forma a alinhar a produção arquitetônica às reais necessidades sensoriais dos usuários, sobretudo daqueles com maior vulnerabilidade, como pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista).

Portanto, a arquitetura deve assumir uma postura crítica e investigativa frente aos seus próprios paradigmas projetuais. Não basta aplicar cores ou intensidades luminosas com base em convenções ou tendências visuais. É preciso compreender, testar e validar os efeitos dessas escolhas sobre o corpo, a mente e a experiência cotidiana do usuário. Nesse sentido, o papel da arquitetura se expande: ela se torna não apenas uma disciplina técnica e funcional, mas uma interface sensível entre o espaço físico e a dimensão subjetiva do ser humano.

AGRADECIMENTOS

Este trabalho é financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do Projeto Estratégico com a referência UID/04008: Centro de Investigação em Arquitetura, Urbanismo e Design, e do financiamento plurianual da FCT 2020-2023 ao ITI – LARSyS (https://doi.org/10.54499/UIDB/50009/2020)

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